quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A solidary help

O último dia fora do país (nessa viagem, claro) foi um tanto estranho. O que menos me apareceu foi Equatoriano. De manhã, topei com duas brasileiras no escritório de um cliente. Conversamos por muitas horas.

Minha tarde agradavel foi no Aeroporto de Quito. Bem antigo, sem muita estrutura nem segurança. Pede uma reforma. Algumas horas entediado lendo e-mails antigos (não tinha internet sem-fio no saguão do aeroporto) e me aparece uma distinta senhora perguntando, em ingles, se poderia sentar-se ao meu lado. "No problem at all".

Claro, eu não só tenho síndrome de Padre, como cara de bonzinho. A mulher começou a puxar assunto, dizendo que é Sul-Africana e veio sozinha para o país, a passeio. Noção de espanhol: Zero. Conhecidos no país: Zero. Referências: Zero. Numero de embaixadas Sul-Africanas no Equador: Zero. Como já era de se esperar, a dona foi roubada e não tem nem dinheiro, nem passaporte. "So, lady, what would you like me to do to help you?". Sim, ela queria dinheiro. Mais bem colocado, a "solidary help". Apertei a senhora até saber onde ia a veracidade da história e acabei ajudando a ela comprar uma passagem de ônibus (sim, isso mesmo) até Lima, onde fica a embaixada mais próxima da África do Sul. Ainda coloquei um bilhetinho com o Nome do Bairro que ela deveria ficar em Lima, o nome de um hotel e meu e-mail. Muito bom samaritano eu.

Feito o Check in, ouço: "Ah, Mr., can I get a little help over here?". Um surfista americano com uma prancha de longboard. Hoje é dia. Ele só queria umas instruções.

Como já dito acima, amanhã já estou no Brasil. Assim, o Blog perde momentaneamente sua utilidade. Devo voltar a viajar em breve e é muito provável que eu volte a postar. Passou rápido, certo? E foram quatro semanas...

Fica aqui o muito obrigado pelos que me acompanharam e, embora virtualmente, me permitiram sentir em casa. No fim das contas, o conceito de casa acaba mudando. A minha, hoje, se chama América Latina.

Amanhã, pra variar, o dia é corrido. As 22h estou na Rua da Lama, matando a saudade da Ilha.

Zardo, despierto, às 18h28min de Quito. Aguardando a hora de embarque.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

"Mas, você tem certeza que é Brasileiro?"

Guayaquil é uma das cidades mais violentas da América Latina. Como dizem por aqui, "La delincuencia es alta". Sem tirar Lima do topo das paradas, Guayaquil também não tem um cheiro lá muito agradável. A humidade é muito alta, o que faz parecer que há uma névoa constante na cidade, uma espessa camada de vapor d'água. Vá lá, a cidade não é o inferno na terra. Mas ainda assim, mal posso esperar para chegar em Quito.

O engraçado são as perguntas que os taxistas ou pessoas pouco informadas me fazem:

1. É verdade que o Lula não frequentou a escola?
2. É verdade que o Lula é um ícone político e na verdade uma equipe do partido que dirige o país?
3. Você samba?
4. Você vai no carnaval?
5. Ah, você mora em São Paulo ou Rio de Janeiro?
6. Você joga futebol?
7. Mas, você tem certeza que é Brasileiro?(essa foi a pérola da viagem)

Há muitas outras pessoais, do tipo: "Sua esposa não liga de você ficar tanto tempo fora?", "Sua família não sente falta de você?", "Voce ganha bem, né?"(essa foi uma secretária mega oferecida de Barranquilla).

Ah, ontem viajei com um grupo de jogadores de futebol. Tava na cara, tudo marrento com o casaco do time. Cabelos cheio de gel, brinquinhos de cristal e cordões de ouro. As camisas diziam Club Libertad. Hoje descobri que jogaram em Quito com a LDU. Perderam. Bem, não é só o Fluminense, os times Paraguaios também.

Para completar esse texto completamente desencadenado, gostaria de deixar uma nota sobre o que está acontecendo aqui nos andes. Morales, Corrêa e Chávez estão aliados contra Uribe e Obama. O resto da América assiste sem saber o que fazer. Bachelet não acredita no que escuta e Lula da Silva (como é tratado aqui) diz que a verdade deve ser dita. Enfim, posições diplomáticas que tentam aliviar as tensões por essas bandas. Obama finge que não é com ele. Assim, aos poucos as bases militares dos EUA serão instaladas aos gritos e protestos de Chávez, que ameaça guerra. Ele me lembra nosso amigo Coringa (sim, o rival do Homem Morcego), que ameaça explodir um hospital onde todo mundo vai morrer, só vai sobrar ele vestido de enfermeira saindo pela porta de incêndio.

Eu vou procurando a saída, porque não to a fim de apagar a luz.

Zardo, despierto, às 19h04min de Guayaquil. Embarcando para Quito.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Salada em Guayaquil

Esperava uma segunda-feira muito tranquila. Um vôo no meio da manhã. Guayaquil, reserva no hotel. Feriado no Equador...

A confusão, no entanto, começa no aeroporto em Lima, quando pela primeira vez o sujeito resolveu revistar minha bolsa e encrencou com desodorante, gel e shampoo. Sim, é permitido levar liquidos na bagagem de mão do avião, desde que não ultrapasse 1 litro no total. A regra que eu não sabia é que cada recipiente pode ter apenas 100ml. Os frascos em questão tinham 150ml cada. Após muito reclamar e tentar negociar (sem tentativa de suborno do agente, claro) falhei completamente. O sujeito ficou com meu shampoo caro e eu embarquei muito irritado.

Depois, no avião, para o meu alívio, tinha para escolher o Black Album do Metallica como entretenimento. Mas, minha 'unidade de entretenimento' tinha problemas e estava mastigando as musicas. Terminei jogando paciência, partida que não consegui acabar, desligaram tudo para a aterrissagem. Meu assento era ao lado do banheiro e, sim, uma criança urinou no carpete, justamente ao meu lado. Não faltava mais nada!

Pelo menos minha bagagem foi uma das primeiras a aparecer, quebrada, claro, para juntar com o excesso de bagagem absurdo que tive que pagar. A sorte mudou ao meio dia: o Taxista era honesto e autorizado. O hotel é bom. Informação faz toda a diferença. Almocei salada e arroz com camarão. Sensacional. Comprei um desodorante novo e a passagem pra Quito amanhã. Adiantei muito trabalho no hotel.

Para fechar bem, o hotel tem academia. 30 minutos de caminhada, mais 20 de sauna e 10 de Jacuzzi. Salada com frango e suco de laranja no jantar, enquanto assisto 'Juno'(Depois dessa frase, metade dos meus amigos vão me chamar de gay). Realmente, a academia faz muita falta. Alimentação saudável também. Enfim, em 48hs aterrisso em Lima novamente, de onde sai minha conexão para Guarulhos. Sim, põe mais água no feijão, pq eu chego quinta-feira na hora do almoço.

Zardo, despierto, às 21h23min de Lima. De volta ao trabalho.

domingo, 9 de agosto de 2009

La Plaza del Amor

Peroni. Me lembrei do nome da cerveja italiana. Muito boa. Cusqueña é a daqui, boa também, mas um pouco ácida. Eu não passei o sábado degustando cerveja. Trabalhei até umas 16h e fui dar uma volta pela cidade. Em 10 minutos caminhando, vi o mar o mar. Quanto tempo...

Aqui não é tão bonito quanto no Rio ou em Vitória. Há uma constante camada de nuvens cinzentas, mas a costa é impressionante, com falésias muito altas e uma praia muito pequena, formada por sedimentos de alta granulometria e pouco quartzo. Em portugues claro, areia grossa e escura, diferente do que estamos acostumados. Foi uma sensação única estar pela primeira vez do outro lado do continente, na costa pacífica.

O grande acontecimento da minha volta pela praia ontem foi o diálogo com o peruano do aranato. Ele me vendeu uma pulserinha com poderes mágicos. Disse que é apenas usá-la e as mulheres negras se sentirão atraídas por mim. Até agora não fiz o teste, mas parece promissor.

Voltei hoje à tal 'Plaza del amor', de onde se vê a praia. Dei uma caminhada legal e tirei várias fotos. Fui a tal loja que me indicaram ser barata. Aprendi porque as roupas aqui, não apenas as que são fabricadas por essas terras, são tão baratas. 1. A maioria delas são fabricadas na China, Índia e Austrália. 2. O frete dessas orígens para o Perú baixou muito esse ano. 3. O porto mais importante do país - Callao - fica em Lima. 4. Aqui o governo decretou mercado livre: Nada (exceto diamantes) é tarifado. Isso significa: Billabong, Reef, Diesel, Element, etc a preços muito acessíveis. Gastei USD 70,00 e comprei 4 camisas e uma calça.

Tive muita vontade de saltar de Asa Delta, mas me custaria o equivalente a um salário mínimo no Brasil. Entendi porque as pessoas dizem que é preciso ter coragem pra fazer isso. Enfim, coloquei na lista de 'coisas a fazer quando milhonário".

O restante das fotos vai pro Orkut.

Zardo, despierto, às 13:39 de Lima. Almoçando Alfajores.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

San Juan de Lurigancho

Eu subestimei o frio desde lugar. A corrente Humboldt realmente esfria essa cidade da costa do pacífico. Pela manhã o taxista já estava me esperando. Sujeito gente fina, segundo dia e já me contou a vida toda, inclusive comenta sobre os problemas de casamento e quer ajuda para entender porque as mulheres são tão ciumentas e complicadas. Que coisa. Acho que ele não anda se aconselhando com a pessoa mais madura ao redor.

A grande descoberta do dia é que algumas marcas como Hurley, Tommi Hilfinger e Rip Curl têm suas fábricas aqui. Sim, por 20 reais se compra uma boa Hurley ou Rip Curl aqui. Sensacional.

Pude caminhar mais pelo distrito de Miraflores hoje. Quem me conhece bem sabe como é meu senso de direção. Me perco em guarapari e em jardim da penha. Felizmente, consegui ir e voltar do Hostel várias vezes, graças aos Cassinos que são ótimas referencias. Há praças bem ornamentadas, com luzes e fontes, prédios antigos reformados, muitas lanchonetes e lojinhas de artesanato e souveniers. San Isidro é um lugar também bonito, em detrimento de San Juan de Lurigancho, zona industrial a que fui ontem.

O transporte público é muito interessante, é um onibus pequeno e velho abarrotado que anda de porta aberta com um peruano dependurado gritando um monte de coisa incompreensível. São o nome dos bairros, em alguns dias você passa a entender.

Hoje bodei as 17h. O cansaço bateu forte. Já não sou mais um menino, as dores pelo corpo se espalham. Acordei há pouco e me entupi de Donuts. As viagens são interessantes, mas nas sextas-feiras você se sente um prisioneiro das FARC. Espancado, cansado e longe da família e amigos no fim de semana. As 22h de uma sexta-feira, você olha no relógio e ninguém te ligou chamando pra ir ao Centenário, Rua da Lama ou Triângulo. Você sabe que Sábado em viagem também se acorda cedo e se trabalha. Até domingo se trabalha. Mas, não é ruim. Sempre sobra um tempo para conhecer a cidade. Funciona bem para quem é curioso e não liga muito para ficar sozinho.

Segunda-feira volto a Guayaquil. Quinta-feira, Vitória. Saudade de sentar numa mesa na calçada, tomar uma Brahma gelada, conhecer umas 30 pessoas do rock. Saudades dos amigos e das gatas. Passa rápido...

Zardo, despierto, às 22h19min de Lima.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O Canadense Maconheiro

Lima. Acordei atrasado. As primeiras horas de sono foram duras graças à minha ridícula alergia a carpete. Quase todos os hotéis nesse lugar têm carpete.

No restaurante, a língua oficial era inglês e a cor predominante, cáqui. Pelo menos isso significou café da manhã com buffet liberado, de panquecas à salsicha. Na fila da torrada, uma madame me pergunta: "Is your toast ready? I left mine for around ten minutes, but nothing happened". Sem paciencia alguma, respondi: "Well, I pushed the Power button, did you try that?". Para a minha surpresa, ela não tinha tentado e me achou um genio. Logo perguntou: "So, you're canadian?". Sem querer, eu respondi o que pensei na hora: "No, Nigerian". Ela não levou na brincadeira. Deu pulinhos de empolgação. "Oh my, John, come on over, a Nigerian". Bem, para não estragar o disfarçe, me apresentei como Mudabe Kiwana e disse que estava apressado.

Indo comprar um celular, a polícia para o taxi. O motorista falava ao celular. Aqui eles não multam. Param, recolhem a licensa do cara e vão embora. No meio dessa história o policial quis, é claro, encrencar com o nigeriano aqui. "Este carro huele a marijuana! Usted, atrás, fumó marijuana?". Dessa vez, claro, eu pensei antes de responder. Um leve baculejo e liberado sem problemas.

A cidade não é lá das mais bonitas e cheira à urina. Mas eu estou em Miraflores, o bairro que todo mundo me indicou. Na verdade, isso é uma bela, como diria o mestre, "Macumba para gringo." Uma civilização maqueada, hiper-policiada, com câmeras, lanchonetes internacionais, bancos e casas de cambio em cada esquina. Ser gringo aqui é regra. Se ouve inglês, francês, alemão e outros ruidos indefectíveis nas ruas. Tinha umas paulistas desfilando por aqui também. Uma pena, eu achei que tinha encontrado as peruanas mais bonitas do dia. Se não tivessem aberto a boca, eu ia continuar na ilusão. A felicidade é mesmo a ignorância.

Consegui um quarto sem carpete, mas fica em um Hostel. Isso mesmo, um Albergue, meu amigo. Claro, é a suíte master do albergue, no sexto andar, com micro-ondas, aquecedor, ar condicionado. Cama de casal para três pessoas e uma varanda. Segundo meu amigo taxista, as mulheres que se hospedam aqui são loucas para conhecer a varanda, e só há uma maneira: passando pela Suite Master. Tem um DVD e filmes piratas que ainda nem sairam do cinema. Sensacional. O melhor, sem dúvidas, é o nome: Nido Inn. No logo, tinha umas aspas, que depois descobri serem duas estrelas.

Lima tem coisas muito interessantes. Uma delas é a Inca-Cola. Refrigerante amarelo cor de urina, composto por água com gás, açucar, corante artificial, saborizante artificial e, claro, cafeína. É bom, e deve fazer menos mal que coca-cola.

Bem, preciso trabalhar.

Zardo, despierto, às 21h09 min de Lima.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

"Look: Airport, Hotel, I take!"

Minha tese é de que o cérebro humano é mais criativo depois de sujeito à muitas horas de stress e sem sono. Pelo menos o meu. Noite passada dormi de 1h às 4h, peguei o vôo Medellín-Bogotá, trabalhei todo o dia em Bogotá e a noite embarquei para Lima. Não dormi nada no vôo porque passou Dragon Ball Evolution. Impressionante como conseguiram fazer daquele peculiar desenho animado japonês um filme enlatado estilo power-rangers de 90 minutos de duração. Claro, não pisquei um minuto, recomendo muitíssimo. Só artistas de primeira linha.

Uns comentários sobre o dia em Bogotá:
1. Experimente Waffles com syrup, manteiga e ovo frito pela manhã. Não existe nada melhor.
2. A Shakira tá na TV o tempo todo, pelada no clipe novo, bombando nas paradas de todo o mundo, e a pergunta é: "Shakira bien representa al artista Colombiano?"
3. Lugar frio é demais. Não precisa de banho. Sentirei falta.
4. Vou sentir muitas saudades da Colombia.

Cheguei em Lima às 23h. Às 00h minhas malas ainda não tinham aparecido. O aeroporto precisa de melhoras. Logo na saída, o fenômeno americano. Impressionante como aqui as pessoas olham pra minha cara branca e fazem o máximo esforço para falar inglês. Na fila da aduana, na casa de câmbio, e por fim, claro, na fila do taxi. Assim que saí com as 4 malas apareceram 3 senhores de terno se oferecendo como taxista. Fiquei calado, um, muito pro-ativo, tirou um mapa plastificado do bolso e apontou: "Look, Airport, Hotel. I take. Ten dollars." Imagino que um americano deve se achar muito estúpido ao ouvir uma performance dessas. Claro, diante dessa situação, mil respostas vieram à minha cabeça. Escolhi a mais prática, que foi: 'Jaja, hermano, te equivocaste, no soy americano, voy con el tipo acá que me llamó primero.' Escolhi dessa vez um que tinha um crachá que dizia TAXISTA AUTORIZADO. Até fatura o sujeito me deu. Claro que não faltou americano pra cair no golpe do "I take", tinha até uns com prancha de surf.

Vim parar em um hotel até legal, mais tradicional (é, velho!). Pelo menos o tal bairro é o que dizem mais seguro de Lima. Miraflores. Aqui a jogatina é liberada, vi no caminho pelo menos uns 15 cassinos. Apesar de boas intalações, o quarto do hotel tem um problema: O cheiro do carpete me faz lembrar minha cachorra. Não vou aguentar de saudades. Amanhã, aquele velho esquema da lista telefônica e bateria de chamada pros hotéis. Devo ficar pelo bairro mesmo, no entanto.

Amanhã, correria. Como eu gosto dessa loucura. É uma pena que não posso sair de botas e cantil.

Zardo, despierto, às 2h de Lima. Indo dormir sujo.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

El culpable és aquél hijoemadre!

(Explicações para o título serão dadas pessoalmente.)

Os posts durante a semana são menos criativos, mais curtos e menos críticos. Não há duvidas disso, um bom escritor dorme bem e não tem muitas preocupações. E, claro, dedicação exclusiva. Assumindo isso, e levando em consideração que acordei as 6h, saí as 7h e cheguei no hotel apenas as 23h, vou resumir algumas das conclusões que cheguei hoje.

1. Foi excelente a decisão de ter me interessado por história e geografia desde cedo. Consigo debater desde Simón Bolívar ao fenômeno de secas no Peru, causado pela corrente Humboldt.

2. Sábia decisão ter feito aquele trabalho sobre UNASUL na faculdade, entendo muito da posição dos países sobre Chávez e consigo discutir com um pouco mais de propriedade.

3. Críticas à parte, o programa monetário de Lula é, em termos gerais, um sucesso.

4. O Itamarati tem lá seus defeitos, mas sabe caminhar bem nos caminhos da política latino-americana.

5. O socialismo virou piada, não serve nem mais para vender camisa do Che na pracinha.

Cinco é um bom número. Deixo a vocês duas indicações excelentes em termos de gastronomia:
Cerveja Italiana.
Comida Peruana.
Pode combinar, tá valendo.

Cada dia que passa me sinto menos Brasileiro e mais latino, é impressionante como a noção de identidade é extensiva. Tá, eu sei que a minoria dos leitores desse blog conhece construtivismo nas relações internacionais, mas à esses, obrigado pelo apoio e desejos de boa sorte.

A semana só começou...

Zardo, (semi)despierto, às 23h29min de Medellín. Dormiu...

domingo, 2 de agosto de 2009

El Poblado

Um domingo de marajá. Acordei as 8h, tomei café da manhã, fui ler um pouco na cobertura do hotel, deitado em uma espreguiçadeira. Mandei um cochilo de uma hora, acordei, malhei, fiz uma sauna, tomei banho e fui para o shopping. Leite com pêra.

Para aclimatar ainda mais meu dia de nobreza, fui ao centro comercial El Tesoro, localizado no bairro mais elite da cidade, El Poblado. Simples, os ricos subiram uma colina e resolveram construir tudo que eles precisam lá: moradia, escritórios e um grande centro comercial com supermercado e parque de diversões. Tudo isso com vista privilegiada para o resto da cidade. O bairro é um grande camarote, venta bem, quase não faz calor. É claro que você pode ir ao shopping se você não tiver carro, é só pagar um taxi, pois ônibus não sobe lá.

Incrivelmente, o que suspeito que seja resultado das orações da minha mãe, é o segundo domingo que passo em Medellín e o segundo que vou a missa, sem planejar. Em abril, acabei em uma missa de domingo de ramos celebrada em uma tenda próxima ao Metro Cable. Dessa vez, quando cheguei ao shopping, ao meio dia, começava uma missa justo no caminho para a praça de alimentação. Toda a praia do canto (ops, El Poblado) estava ali reunido. Eu me senti na Igreja de Santa Rita, com belas familias, bem-vestidas e cheirosas, madames muitíssimo católicas e senhoras lotadas de maquiagem. A homilia era sobre a família e a caridade. Acho que a doutrina geral da igreja católica para a América Latina no momento deve ser a mesma.

Uma volta pelo shopping e algumas surpresas. Marcas brasileiras aqui são muito valorizadas, como Melissa e O Boticário. O preço chega a ser absurdo. A maior surpresa, no entanto, foi na livraria, quando vi que o livro mais vendido do mês é de ninguém mais, ninguém menos que o mago brasileiro Paulo Coelho.

Não quero ser repetitivo, então não vou falar das mulheres de Medellín. Fecho o foco nas fêmeas do Poblado. Eu colocaria um uniforme do Sacré-Coeur em qualquer uma das novinhas e uma pastinha da FDV nas universitárias e levaria pra Vitória. Ninguém ia perceber que não nasceram ali. Isso, é claro, é um elogio às capixabas de alta-renda. Lindas, é claro, mas quem me conhece bem sabe da minha predileção pelas 'morenas de la costa'. Para contemplar bem a classe, cito meu amigo e gênio Surica: "Rapaz, eu gosto das mulheres".

Me restam apenas três dias na Colômbia, o que já me deixa triste. Espero voltar em breve. Quarta-feira sigo para Lima, Peru. Segundo relatos, uma cidade suja, fria e nebulosa. Bem, como o propósito é trabalho e não férias: Gotham city, aí vou eu.

Para vocês que estão cansados da frieza aparente desse blog pálido - e dos relatos pouco eloquentes, que suspeitosamente ocultam detalhes sórdidos que eu, certamente, no auge de minha descrição, não compartilharia na rede - Sim, para vocês que preferem a minha descrição dotada de suspense, detalhes e muitos gestos, chego a Vitória em 13/08, por volta das 13h. (não, não é uma sexta-feira).

Uma boa semana à todos.

Zardo, despierto, às 15h45min de Medellín. Indo organizar a agenda da semana.

sábado, 1 de agosto de 2009

El pueblo Paisa

De colonização européia, é possível dizer que a cara do povo de Medellín é bem diferente do resto da Colombia. Aqui, pessoas altas, brancas, loiras e etc não são incomuns. Eu, apesar de estar branco de uma maneira jamais vista, me misturo bem a primeira vista. O povo tem um jeito festeiro, efusivo de falar, fala muito, gesticula demais, é extremamente carinhoso. Não preciso dizer que isso é herança italiana pura, portanto, me sinto em casa por esses lados.

Aqui, o tradicional rock de fim de semana se chama 'Rumba'. Rumba pode ser muitas coisas, de dançar musica cubana a ir a uma boate rebolar ao som de reggaeton. Aqui no bairro de Laureles, onde fica o hotel, a musica começa as 19h e parece sempre uma grande festa. Dessa vez acontece mesmo uma festa maior, chamada Feria de las Flores. Um evento folcórico que envolve vários acontecimentos, que merece mais detalhes se for de seu interesse. Assim, não vou explicar a festa, já que a prefeitura pagou para alguem fazer isso no site oficial.(http://www.medellin.gov.co/alcaldia/jsp/modulos/V_medellin/index.jsp?idPagina=1136)

Meu sábado começou as 4 e 30 da manhã, e melhorou bastante as 10h, quando cheguei à cidade. Apesar de o povo aqui estar passando mal de calor, 27 graus no verão é motivo para usar moletom em Vitória. Depois do anoitecer, cai para 19 graus e fica sensacional. Já coloquei e-mails em dia, dormi bastante, é hora de procurar fazer a primeira refeição honesta do dia. E já que mencionei a palavra honesta, elas aqui são fenomenais. Pelo menos uma boa caminhada até uma lanchonete é merecida para observar as honestas paisa.

O 'Paisa', apelido para o antioqueño de Medellín, é um sujeito gente boa na maioria das vezes, mas tem que se estar com paciencia pra conviver com ele. Fala muito, gosta de contar vantagem e tem um sotaque que as vezes irrita. 'Pues' aqui é usado no lugar de exclamação, o tempo todo. Há de se reconhecer que até 1995 a cidade era dotada de criminalidade e governada em parte pelos cartéis. A 'ordem pública' (termo esdrúxulo, mas ta valendo) é bem melhor mantida nos dias de hoje. Isso explica em parte o Orgulho Paisa, que também é fortalecido pelo recalque gerado pela fama de enrolados que eles têm em Bogotá. São mesmo, confesso.

Não sei quem inventou isso de não trabalhar no fim de semana, mas foi um gênio. Claro, em tempos de crise a gente desobedece um pouco a regra, mas tá legal.

Notas:
-Comprar uma camisa manga curta.
-Comprar passagem Bogotá.
-Reservar Hotel Lima.

Zardo, despierto, às 20h de Medellín. Indo para a rua.