quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Orgulho de ser Brasileiro

Encontrei meu colega brasileiro Geraldo no intervalo hoje. Afortunadamente, o sujeito tem muito em comum com a familia que o recebe. O pai o levou a igreja na domingo e todos os dias eles correm durante uma hora por motivos esportivos (habito que ele ja tinha no Brasil). A minha familia aqui gosta de me levar para comer hamburgueres, pizzas e comida boa em geral, e, em seguida, tomar cerveja em lugares interessantes, mesmo em dias de semana. (ponto pra mim)

Eh muito bom quando seu irmao te paga uma cerveja e sua irma dirige ateh sua casa, e ainda, voce pode ficar amigo dos amigos deles. Genial. Ter irmaos deve ser sensacional. E como a familia eh de base Mexicana, choque cultural: Zero. Eh otimo ter a sensacao de poder voltar para casa todos os dias.

Nao sei se vou aguentar o ritmo de sair para beber em uma quarta-feira, chegar em casa a meia noite e trinta, acordar as 6h, trabalhar, descer a colina ateh a estacao de trem, estudar ateh 13hs, pegar o trem, subir a colina, trabalhar, fazer o dever de casa, sair para beber na quinta-feira...Ateh voce ja cansou, aposto. Mas nao parece tao ruim, certo?

`Orgulho de ser Brasileiro` eh a moral do dia. A orientacao da professora em sala hoje foi: `Nunca va a Tijuana. Nao eh seguro, la morrem mais pessoas do que morrem em Bagdad, eh uma cidade feia dominada pelo trafico, eles podem te matar, te estrupar, te fazer mal. (yes they are evil) Enfim, nao vale a pena`. Claro, as princesinhas candidatas a miss switzerland ficaram chocadas, uma delas ateh comentou: `Me disseram que se voce for estudante nos EUA e for a Tijuana eles te obrigam a trazer drogas para os EUA. Se voce nao trouxer, eles simplesmente te matam. Ouvi falar que a Policia lah eh corrupta!` Pronto, foi ela dizer isso e o choque foi geral. `Policia corrupta nao pode acontecer, meu deus!` Foi uma polemica enorme na sala. Eu comecei a rir descontroladamente, a professora compreendeu e disse: `Bem, Bruno deve saber bem o que eh policia corrupta, violencia e trafico de drogas`. Respondi, `Eu vivo no Brasil, ja estive na Colombia, Equador e Peru.` Ela completou: `Bruno, voce nao precisa se preocupar com Tijuana, voce vai saber exatamente o que fazer e nao fazer la. Para os demais, simplesmente nao vao`.

Analizando friamente, nao sei se me sinto orgulhoso...Nao sei se a ausencia de inocencia, a maior proximidade com a pobreza e convivencia com a delinquencia me faz melhor que aqueles que vivem em paises onde a maioria morre de velhice e se deixa a porta para a rua aberta. Poderia discorrer paginas e paginas sobre esse tema, mas vou aproveitar a inspiracao para fazer meu dever de casa.

Nao queria deixar passar em branco um comentario que a professora fez em sala envolvendo o uso de Maconha. Defendeu a legalizacao para uso medicinal e fundamentou seu argumento, dizendo que a erva eh capaz de abrir o apetite do usuario e minimiza o sentimento de dor. E assumiu, na boa, `Acho que todos nos aqui ja sentimos isso, certo?`. A minha surpresa foi um coro em `yesss` como resposta. Ela assumiu que ja usou a droga e eh totalmente natural seu uso na juventude. Bem, nao preciso explicar melhor. Nao vou fazer campanha contra nem a favor, apenas quero observar a total ausencia de tabu. Demais!

Prometo que vou tirar fotos.

Zardo, as 18h, em San Diego.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Nao vou conseguir postar diariamente, como jah imaginava. Demora um pouco ateh o sujeito se habituar com o fuso-horario, - seis horas a menos que no Brasil - conhecer pelo menos um pouco da cidade e pegar a malandragem de San Diego.

Eh interessante viajar como estudante pela primeira vez, nao ha dinheiro para taxis, hotel, nem comer em restaurante. Por outro lado, voce se veste a vontade e o dia-a-dia eh menos exaustivo, apesar de que os primeiros dias tem sido bem trabalhosos.

O primeiro dia de aula de fato foi ontem, alguns contratempos, fiz amizade com uma brasileira e um argentino que trabalham na escola. O primeiro aluno que encontrei me parecia familiar...Brasiliense e Flamenguista. Na minha sala, no entanto, sou o unico brasileiro, no meio de um turco, uma sul-coreana e, juro que nao estou brincando: NOVE meninas da Suica, todas com seus 18 aninhos, carinhas de boneca e sotaques de francofona. Eh uma pena que eh a ultima semana delas...

Me jogaram na turma mais avancada e, claro, estou apanhando bastante. A semana eh de preparatorios para o Cambridge. Esses britanicos estao de brincadeira com essa rigidez exagerada. Mas com um pouco mais de treino dah ateh pra se aventurar. Me divirto com as feicoes de medo das menininhas do primeiro mundo, que certamente nunca fizeram uma prova na ufes com aquele professor que nunca deu aula, ou apresentaram um trabalho na UVV que o professor simplesmente passou a responsabilidade do conteudo de aula pros alunos. Se elas nao passarem em Cambridge, vao ter que se contentar com Sorbonne, coitadinhas...

Hoje a parte mais interessante da manha foi conversar com um sujeito da outra turma, Servio. Nao consegui esconder meu interesse pela guerra de Kosovo, mas ele nao quis falar muito porque seu pai ainda estah respondendo por alguns crimes de guerra. Ja imaginou que loucura seu pai um genocida?

San Diego eh uma cidade muito tranquila e organizada, com casas sem-muros como nos filmes americanos. Achei fenomenal no inicio, mas meu sangue latino me faz estar ansioso para conhecer Tijuana. Os mendigos aqui se vestem tao bem quanto os nao-mendigos, ha muitos insanos nas ruas do centro e, bem, nao eh bem uma Nova Iorque, onde as pessoas injetam cocaina nas esquinas, para falar a verdade, como disse uma professora no primeiro dia, `Se voce eh Latino-americano, nao ha o que temer.` O mais genial da cidade eh o tal Trolley, que muito provavelmente inspirou Joao Cozer e seu `Metro de Superficie`. Funciona muito bem, e eh meu meio de transporte, alias.

A noite esfria bem e precisa estar animado pra sair. Mesmo porque, hoje ainda eh quarta-feira. Dizem que por aqui a semana comeca na quarta, entao ja colocaram meu nome na lista de um bar que serve cerveja a USD 1,00. Mais tarde estarei lah com certeza.

Bem, tenho dever de casa e emails de trabalho para responder. Vou deixar mais assunto para o proximo post.

Zardo, quarta-feira 2.12, as 14:33 de San Diego.
?

domingo, 29 de novembro de 2009

AWAKE

Bom dia!
O proposito inicial deste blog era retratar experiencias vividas em viagens pela America Latina, sem proposito necessariamente turistico, como voces que acompanham desde o inicio bem sabem.
No entanto, pela primeira vez faco uma viagem internacional por conta propria, com o proposito de estudos e um pouco de turismo.
Apos uma jornada de 24 hs por aeroportos e voos turbulentos, comida ruim e dor nas costas, chequei em San Diego com um belo Jet Lag (ressaca de aviao). Minha amiga me recepcionou da melhor forma possivel: me levando a um restaurante especialista em cafe da manha. Foram no minimo cinco ovos mexidos e muitas batata, bacon e cafe.Siiiim.
Conheci sua familia Mexicana (San Diego, correto?) e notaram meu inegavel sotaque colombiano. Er Norrotros, hermano.
Servi Cachassa e Cachamel pra galera. Ganhei o pessoal.
Dormi cedo, podre no sofa, com o barulho da chuva e assistindo um enlatado americano.
Hoje o dia parece ser mais produtivo, estou a poucos minutos do estadio da NFL e hoje tem um jogo pedrada.
Nao sei como vai ser o tempo para postar aqui, pois tenho que trabalhar a distancia e estudar. Vou tentar manter uma boa periodicidade, pelo menos pra voces saberem que eu estou vivo.
Bem, preciso tomar um cafe quente e sair para comprar uma bota.

Zardo, semi-awake, 8h28min de San Diego.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A solidary help

O último dia fora do país (nessa viagem, claro) foi um tanto estranho. O que menos me apareceu foi Equatoriano. De manhã, topei com duas brasileiras no escritório de um cliente. Conversamos por muitas horas.

Minha tarde agradavel foi no Aeroporto de Quito. Bem antigo, sem muita estrutura nem segurança. Pede uma reforma. Algumas horas entediado lendo e-mails antigos (não tinha internet sem-fio no saguão do aeroporto) e me aparece uma distinta senhora perguntando, em ingles, se poderia sentar-se ao meu lado. "No problem at all".

Claro, eu não só tenho síndrome de Padre, como cara de bonzinho. A mulher começou a puxar assunto, dizendo que é Sul-Africana e veio sozinha para o país, a passeio. Noção de espanhol: Zero. Conhecidos no país: Zero. Referências: Zero. Numero de embaixadas Sul-Africanas no Equador: Zero. Como já era de se esperar, a dona foi roubada e não tem nem dinheiro, nem passaporte. "So, lady, what would you like me to do to help you?". Sim, ela queria dinheiro. Mais bem colocado, a "solidary help". Apertei a senhora até saber onde ia a veracidade da história e acabei ajudando a ela comprar uma passagem de ônibus (sim, isso mesmo) até Lima, onde fica a embaixada mais próxima da África do Sul. Ainda coloquei um bilhetinho com o Nome do Bairro que ela deveria ficar em Lima, o nome de um hotel e meu e-mail. Muito bom samaritano eu.

Feito o Check in, ouço: "Ah, Mr., can I get a little help over here?". Um surfista americano com uma prancha de longboard. Hoje é dia. Ele só queria umas instruções.

Como já dito acima, amanhã já estou no Brasil. Assim, o Blog perde momentaneamente sua utilidade. Devo voltar a viajar em breve e é muito provável que eu volte a postar. Passou rápido, certo? E foram quatro semanas...

Fica aqui o muito obrigado pelos que me acompanharam e, embora virtualmente, me permitiram sentir em casa. No fim das contas, o conceito de casa acaba mudando. A minha, hoje, se chama América Latina.

Amanhã, pra variar, o dia é corrido. As 22h estou na Rua da Lama, matando a saudade da Ilha.

Zardo, despierto, às 18h28min de Quito. Aguardando a hora de embarque.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

"Mas, você tem certeza que é Brasileiro?"

Guayaquil é uma das cidades mais violentas da América Latina. Como dizem por aqui, "La delincuencia es alta". Sem tirar Lima do topo das paradas, Guayaquil também não tem um cheiro lá muito agradável. A humidade é muito alta, o que faz parecer que há uma névoa constante na cidade, uma espessa camada de vapor d'água. Vá lá, a cidade não é o inferno na terra. Mas ainda assim, mal posso esperar para chegar em Quito.

O engraçado são as perguntas que os taxistas ou pessoas pouco informadas me fazem:

1. É verdade que o Lula não frequentou a escola?
2. É verdade que o Lula é um ícone político e na verdade uma equipe do partido que dirige o país?
3. Você samba?
4. Você vai no carnaval?
5. Ah, você mora em São Paulo ou Rio de Janeiro?
6. Você joga futebol?
7. Mas, você tem certeza que é Brasileiro?(essa foi a pérola da viagem)

Há muitas outras pessoais, do tipo: "Sua esposa não liga de você ficar tanto tempo fora?", "Sua família não sente falta de você?", "Voce ganha bem, né?"(essa foi uma secretária mega oferecida de Barranquilla).

Ah, ontem viajei com um grupo de jogadores de futebol. Tava na cara, tudo marrento com o casaco do time. Cabelos cheio de gel, brinquinhos de cristal e cordões de ouro. As camisas diziam Club Libertad. Hoje descobri que jogaram em Quito com a LDU. Perderam. Bem, não é só o Fluminense, os times Paraguaios também.

Para completar esse texto completamente desencadenado, gostaria de deixar uma nota sobre o que está acontecendo aqui nos andes. Morales, Corrêa e Chávez estão aliados contra Uribe e Obama. O resto da América assiste sem saber o que fazer. Bachelet não acredita no que escuta e Lula da Silva (como é tratado aqui) diz que a verdade deve ser dita. Enfim, posições diplomáticas que tentam aliviar as tensões por essas bandas. Obama finge que não é com ele. Assim, aos poucos as bases militares dos EUA serão instaladas aos gritos e protestos de Chávez, que ameaça guerra. Ele me lembra nosso amigo Coringa (sim, o rival do Homem Morcego), que ameaça explodir um hospital onde todo mundo vai morrer, só vai sobrar ele vestido de enfermeira saindo pela porta de incêndio.

Eu vou procurando a saída, porque não to a fim de apagar a luz.

Zardo, despierto, às 19h04min de Guayaquil. Embarcando para Quito.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Salada em Guayaquil

Esperava uma segunda-feira muito tranquila. Um vôo no meio da manhã. Guayaquil, reserva no hotel. Feriado no Equador...

A confusão, no entanto, começa no aeroporto em Lima, quando pela primeira vez o sujeito resolveu revistar minha bolsa e encrencou com desodorante, gel e shampoo. Sim, é permitido levar liquidos na bagagem de mão do avião, desde que não ultrapasse 1 litro no total. A regra que eu não sabia é que cada recipiente pode ter apenas 100ml. Os frascos em questão tinham 150ml cada. Após muito reclamar e tentar negociar (sem tentativa de suborno do agente, claro) falhei completamente. O sujeito ficou com meu shampoo caro e eu embarquei muito irritado.

Depois, no avião, para o meu alívio, tinha para escolher o Black Album do Metallica como entretenimento. Mas, minha 'unidade de entretenimento' tinha problemas e estava mastigando as musicas. Terminei jogando paciência, partida que não consegui acabar, desligaram tudo para a aterrissagem. Meu assento era ao lado do banheiro e, sim, uma criança urinou no carpete, justamente ao meu lado. Não faltava mais nada!

Pelo menos minha bagagem foi uma das primeiras a aparecer, quebrada, claro, para juntar com o excesso de bagagem absurdo que tive que pagar. A sorte mudou ao meio dia: o Taxista era honesto e autorizado. O hotel é bom. Informação faz toda a diferença. Almocei salada e arroz com camarão. Sensacional. Comprei um desodorante novo e a passagem pra Quito amanhã. Adiantei muito trabalho no hotel.

Para fechar bem, o hotel tem academia. 30 minutos de caminhada, mais 20 de sauna e 10 de Jacuzzi. Salada com frango e suco de laranja no jantar, enquanto assisto 'Juno'(Depois dessa frase, metade dos meus amigos vão me chamar de gay). Realmente, a academia faz muita falta. Alimentação saudável também. Enfim, em 48hs aterrisso em Lima novamente, de onde sai minha conexão para Guarulhos. Sim, põe mais água no feijão, pq eu chego quinta-feira na hora do almoço.

Zardo, despierto, às 21h23min de Lima. De volta ao trabalho.

domingo, 9 de agosto de 2009

La Plaza del Amor

Peroni. Me lembrei do nome da cerveja italiana. Muito boa. Cusqueña é a daqui, boa também, mas um pouco ácida. Eu não passei o sábado degustando cerveja. Trabalhei até umas 16h e fui dar uma volta pela cidade. Em 10 minutos caminhando, vi o mar o mar. Quanto tempo...

Aqui não é tão bonito quanto no Rio ou em Vitória. Há uma constante camada de nuvens cinzentas, mas a costa é impressionante, com falésias muito altas e uma praia muito pequena, formada por sedimentos de alta granulometria e pouco quartzo. Em portugues claro, areia grossa e escura, diferente do que estamos acostumados. Foi uma sensação única estar pela primeira vez do outro lado do continente, na costa pacífica.

O grande acontecimento da minha volta pela praia ontem foi o diálogo com o peruano do aranato. Ele me vendeu uma pulserinha com poderes mágicos. Disse que é apenas usá-la e as mulheres negras se sentirão atraídas por mim. Até agora não fiz o teste, mas parece promissor.

Voltei hoje à tal 'Plaza del amor', de onde se vê a praia. Dei uma caminhada legal e tirei várias fotos. Fui a tal loja que me indicaram ser barata. Aprendi porque as roupas aqui, não apenas as que são fabricadas por essas terras, são tão baratas. 1. A maioria delas são fabricadas na China, Índia e Austrália. 2. O frete dessas orígens para o Perú baixou muito esse ano. 3. O porto mais importante do país - Callao - fica em Lima. 4. Aqui o governo decretou mercado livre: Nada (exceto diamantes) é tarifado. Isso significa: Billabong, Reef, Diesel, Element, etc a preços muito acessíveis. Gastei USD 70,00 e comprei 4 camisas e uma calça.

Tive muita vontade de saltar de Asa Delta, mas me custaria o equivalente a um salário mínimo no Brasil. Entendi porque as pessoas dizem que é preciso ter coragem pra fazer isso. Enfim, coloquei na lista de 'coisas a fazer quando milhonário".

O restante das fotos vai pro Orkut.

Zardo, despierto, às 13:39 de Lima. Almoçando Alfajores.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

San Juan de Lurigancho

Eu subestimei o frio desde lugar. A corrente Humboldt realmente esfria essa cidade da costa do pacífico. Pela manhã o taxista já estava me esperando. Sujeito gente fina, segundo dia e já me contou a vida toda, inclusive comenta sobre os problemas de casamento e quer ajuda para entender porque as mulheres são tão ciumentas e complicadas. Que coisa. Acho que ele não anda se aconselhando com a pessoa mais madura ao redor.

A grande descoberta do dia é que algumas marcas como Hurley, Tommi Hilfinger e Rip Curl têm suas fábricas aqui. Sim, por 20 reais se compra uma boa Hurley ou Rip Curl aqui. Sensacional.

Pude caminhar mais pelo distrito de Miraflores hoje. Quem me conhece bem sabe como é meu senso de direção. Me perco em guarapari e em jardim da penha. Felizmente, consegui ir e voltar do Hostel várias vezes, graças aos Cassinos que são ótimas referencias. Há praças bem ornamentadas, com luzes e fontes, prédios antigos reformados, muitas lanchonetes e lojinhas de artesanato e souveniers. San Isidro é um lugar também bonito, em detrimento de San Juan de Lurigancho, zona industrial a que fui ontem.

O transporte público é muito interessante, é um onibus pequeno e velho abarrotado que anda de porta aberta com um peruano dependurado gritando um monte de coisa incompreensível. São o nome dos bairros, em alguns dias você passa a entender.

Hoje bodei as 17h. O cansaço bateu forte. Já não sou mais um menino, as dores pelo corpo se espalham. Acordei há pouco e me entupi de Donuts. As viagens são interessantes, mas nas sextas-feiras você se sente um prisioneiro das FARC. Espancado, cansado e longe da família e amigos no fim de semana. As 22h de uma sexta-feira, você olha no relógio e ninguém te ligou chamando pra ir ao Centenário, Rua da Lama ou Triângulo. Você sabe que Sábado em viagem também se acorda cedo e se trabalha. Até domingo se trabalha. Mas, não é ruim. Sempre sobra um tempo para conhecer a cidade. Funciona bem para quem é curioso e não liga muito para ficar sozinho.

Segunda-feira volto a Guayaquil. Quinta-feira, Vitória. Saudade de sentar numa mesa na calçada, tomar uma Brahma gelada, conhecer umas 30 pessoas do rock. Saudades dos amigos e das gatas. Passa rápido...

Zardo, despierto, às 22h19min de Lima.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O Canadense Maconheiro

Lima. Acordei atrasado. As primeiras horas de sono foram duras graças à minha ridícula alergia a carpete. Quase todos os hotéis nesse lugar têm carpete.

No restaurante, a língua oficial era inglês e a cor predominante, cáqui. Pelo menos isso significou café da manhã com buffet liberado, de panquecas à salsicha. Na fila da torrada, uma madame me pergunta: "Is your toast ready? I left mine for around ten minutes, but nothing happened". Sem paciencia alguma, respondi: "Well, I pushed the Power button, did you try that?". Para a minha surpresa, ela não tinha tentado e me achou um genio. Logo perguntou: "So, you're canadian?". Sem querer, eu respondi o que pensei na hora: "No, Nigerian". Ela não levou na brincadeira. Deu pulinhos de empolgação. "Oh my, John, come on over, a Nigerian". Bem, para não estragar o disfarçe, me apresentei como Mudabe Kiwana e disse que estava apressado.

Indo comprar um celular, a polícia para o taxi. O motorista falava ao celular. Aqui eles não multam. Param, recolhem a licensa do cara e vão embora. No meio dessa história o policial quis, é claro, encrencar com o nigeriano aqui. "Este carro huele a marijuana! Usted, atrás, fumó marijuana?". Dessa vez, claro, eu pensei antes de responder. Um leve baculejo e liberado sem problemas.

A cidade não é lá das mais bonitas e cheira à urina. Mas eu estou em Miraflores, o bairro que todo mundo me indicou. Na verdade, isso é uma bela, como diria o mestre, "Macumba para gringo." Uma civilização maqueada, hiper-policiada, com câmeras, lanchonetes internacionais, bancos e casas de cambio em cada esquina. Ser gringo aqui é regra. Se ouve inglês, francês, alemão e outros ruidos indefectíveis nas ruas. Tinha umas paulistas desfilando por aqui também. Uma pena, eu achei que tinha encontrado as peruanas mais bonitas do dia. Se não tivessem aberto a boca, eu ia continuar na ilusão. A felicidade é mesmo a ignorância.

Consegui um quarto sem carpete, mas fica em um Hostel. Isso mesmo, um Albergue, meu amigo. Claro, é a suíte master do albergue, no sexto andar, com micro-ondas, aquecedor, ar condicionado. Cama de casal para três pessoas e uma varanda. Segundo meu amigo taxista, as mulheres que se hospedam aqui são loucas para conhecer a varanda, e só há uma maneira: passando pela Suite Master. Tem um DVD e filmes piratas que ainda nem sairam do cinema. Sensacional. O melhor, sem dúvidas, é o nome: Nido Inn. No logo, tinha umas aspas, que depois descobri serem duas estrelas.

Lima tem coisas muito interessantes. Uma delas é a Inca-Cola. Refrigerante amarelo cor de urina, composto por água com gás, açucar, corante artificial, saborizante artificial e, claro, cafeína. É bom, e deve fazer menos mal que coca-cola.

Bem, preciso trabalhar.

Zardo, despierto, às 21h09 min de Lima.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

"Look: Airport, Hotel, I take!"

Minha tese é de que o cérebro humano é mais criativo depois de sujeito à muitas horas de stress e sem sono. Pelo menos o meu. Noite passada dormi de 1h às 4h, peguei o vôo Medellín-Bogotá, trabalhei todo o dia em Bogotá e a noite embarquei para Lima. Não dormi nada no vôo porque passou Dragon Ball Evolution. Impressionante como conseguiram fazer daquele peculiar desenho animado japonês um filme enlatado estilo power-rangers de 90 minutos de duração. Claro, não pisquei um minuto, recomendo muitíssimo. Só artistas de primeira linha.

Uns comentários sobre o dia em Bogotá:
1. Experimente Waffles com syrup, manteiga e ovo frito pela manhã. Não existe nada melhor.
2. A Shakira tá na TV o tempo todo, pelada no clipe novo, bombando nas paradas de todo o mundo, e a pergunta é: "Shakira bien representa al artista Colombiano?"
3. Lugar frio é demais. Não precisa de banho. Sentirei falta.
4. Vou sentir muitas saudades da Colombia.

Cheguei em Lima às 23h. Às 00h minhas malas ainda não tinham aparecido. O aeroporto precisa de melhoras. Logo na saída, o fenômeno americano. Impressionante como aqui as pessoas olham pra minha cara branca e fazem o máximo esforço para falar inglês. Na fila da aduana, na casa de câmbio, e por fim, claro, na fila do taxi. Assim que saí com as 4 malas apareceram 3 senhores de terno se oferecendo como taxista. Fiquei calado, um, muito pro-ativo, tirou um mapa plastificado do bolso e apontou: "Look, Airport, Hotel. I take. Ten dollars." Imagino que um americano deve se achar muito estúpido ao ouvir uma performance dessas. Claro, diante dessa situação, mil respostas vieram à minha cabeça. Escolhi a mais prática, que foi: 'Jaja, hermano, te equivocaste, no soy americano, voy con el tipo acá que me llamó primero.' Escolhi dessa vez um que tinha um crachá que dizia TAXISTA AUTORIZADO. Até fatura o sujeito me deu. Claro que não faltou americano pra cair no golpe do "I take", tinha até uns com prancha de surf.

Vim parar em um hotel até legal, mais tradicional (é, velho!). Pelo menos o tal bairro é o que dizem mais seguro de Lima. Miraflores. Aqui a jogatina é liberada, vi no caminho pelo menos uns 15 cassinos. Apesar de boas intalações, o quarto do hotel tem um problema: O cheiro do carpete me faz lembrar minha cachorra. Não vou aguentar de saudades. Amanhã, aquele velho esquema da lista telefônica e bateria de chamada pros hotéis. Devo ficar pelo bairro mesmo, no entanto.

Amanhã, correria. Como eu gosto dessa loucura. É uma pena que não posso sair de botas e cantil.

Zardo, despierto, às 2h de Lima. Indo dormir sujo.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

El culpable és aquél hijoemadre!

(Explicações para o título serão dadas pessoalmente.)

Os posts durante a semana são menos criativos, mais curtos e menos críticos. Não há duvidas disso, um bom escritor dorme bem e não tem muitas preocupações. E, claro, dedicação exclusiva. Assumindo isso, e levando em consideração que acordei as 6h, saí as 7h e cheguei no hotel apenas as 23h, vou resumir algumas das conclusões que cheguei hoje.

1. Foi excelente a decisão de ter me interessado por história e geografia desde cedo. Consigo debater desde Simón Bolívar ao fenômeno de secas no Peru, causado pela corrente Humboldt.

2. Sábia decisão ter feito aquele trabalho sobre UNASUL na faculdade, entendo muito da posição dos países sobre Chávez e consigo discutir com um pouco mais de propriedade.

3. Críticas à parte, o programa monetário de Lula é, em termos gerais, um sucesso.

4. O Itamarati tem lá seus defeitos, mas sabe caminhar bem nos caminhos da política latino-americana.

5. O socialismo virou piada, não serve nem mais para vender camisa do Che na pracinha.

Cinco é um bom número. Deixo a vocês duas indicações excelentes em termos de gastronomia:
Cerveja Italiana.
Comida Peruana.
Pode combinar, tá valendo.

Cada dia que passa me sinto menos Brasileiro e mais latino, é impressionante como a noção de identidade é extensiva. Tá, eu sei que a minoria dos leitores desse blog conhece construtivismo nas relações internacionais, mas à esses, obrigado pelo apoio e desejos de boa sorte.

A semana só começou...

Zardo, (semi)despierto, às 23h29min de Medellín. Dormiu...

domingo, 2 de agosto de 2009

El Poblado

Um domingo de marajá. Acordei as 8h, tomei café da manhã, fui ler um pouco na cobertura do hotel, deitado em uma espreguiçadeira. Mandei um cochilo de uma hora, acordei, malhei, fiz uma sauna, tomei banho e fui para o shopping. Leite com pêra.

Para aclimatar ainda mais meu dia de nobreza, fui ao centro comercial El Tesoro, localizado no bairro mais elite da cidade, El Poblado. Simples, os ricos subiram uma colina e resolveram construir tudo que eles precisam lá: moradia, escritórios e um grande centro comercial com supermercado e parque de diversões. Tudo isso com vista privilegiada para o resto da cidade. O bairro é um grande camarote, venta bem, quase não faz calor. É claro que você pode ir ao shopping se você não tiver carro, é só pagar um taxi, pois ônibus não sobe lá.

Incrivelmente, o que suspeito que seja resultado das orações da minha mãe, é o segundo domingo que passo em Medellín e o segundo que vou a missa, sem planejar. Em abril, acabei em uma missa de domingo de ramos celebrada em uma tenda próxima ao Metro Cable. Dessa vez, quando cheguei ao shopping, ao meio dia, começava uma missa justo no caminho para a praça de alimentação. Toda a praia do canto (ops, El Poblado) estava ali reunido. Eu me senti na Igreja de Santa Rita, com belas familias, bem-vestidas e cheirosas, madames muitíssimo católicas e senhoras lotadas de maquiagem. A homilia era sobre a família e a caridade. Acho que a doutrina geral da igreja católica para a América Latina no momento deve ser a mesma.

Uma volta pelo shopping e algumas surpresas. Marcas brasileiras aqui são muito valorizadas, como Melissa e O Boticário. O preço chega a ser absurdo. A maior surpresa, no entanto, foi na livraria, quando vi que o livro mais vendido do mês é de ninguém mais, ninguém menos que o mago brasileiro Paulo Coelho.

Não quero ser repetitivo, então não vou falar das mulheres de Medellín. Fecho o foco nas fêmeas do Poblado. Eu colocaria um uniforme do Sacré-Coeur em qualquer uma das novinhas e uma pastinha da FDV nas universitárias e levaria pra Vitória. Ninguém ia perceber que não nasceram ali. Isso, é claro, é um elogio às capixabas de alta-renda. Lindas, é claro, mas quem me conhece bem sabe da minha predileção pelas 'morenas de la costa'. Para contemplar bem a classe, cito meu amigo e gênio Surica: "Rapaz, eu gosto das mulheres".

Me restam apenas três dias na Colômbia, o que já me deixa triste. Espero voltar em breve. Quarta-feira sigo para Lima, Peru. Segundo relatos, uma cidade suja, fria e nebulosa. Bem, como o propósito é trabalho e não férias: Gotham city, aí vou eu.

Para vocês que estão cansados da frieza aparente desse blog pálido - e dos relatos pouco eloquentes, que suspeitosamente ocultam detalhes sórdidos que eu, certamente, no auge de minha descrição, não compartilharia na rede - Sim, para vocês que preferem a minha descrição dotada de suspense, detalhes e muitos gestos, chego a Vitória em 13/08, por volta das 13h. (não, não é uma sexta-feira).

Uma boa semana à todos.

Zardo, despierto, às 15h45min de Medellín. Indo organizar a agenda da semana.

sábado, 1 de agosto de 2009

El pueblo Paisa

De colonização européia, é possível dizer que a cara do povo de Medellín é bem diferente do resto da Colombia. Aqui, pessoas altas, brancas, loiras e etc não são incomuns. Eu, apesar de estar branco de uma maneira jamais vista, me misturo bem a primeira vista. O povo tem um jeito festeiro, efusivo de falar, fala muito, gesticula demais, é extremamente carinhoso. Não preciso dizer que isso é herança italiana pura, portanto, me sinto em casa por esses lados.

Aqui, o tradicional rock de fim de semana se chama 'Rumba'. Rumba pode ser muitas coisas, de dançar musica cubana a ir a uma boate rebolar ao som de reggaeton. Aqui no bairro de Laureles, onde fica o hotel, a musica começa as 19h e parece sempre uma grande festa. Dessa vez acontece mesmo uma festa maior, chamada Feria de las Flores. Um evento folcórico que envolve vários acontecimentos, que merece mais detalhes se for de seu interesse. Assim, não vou explicar a festa, já que a prefeitura pagou para alguem fazer isso no site oficial.(http://www.medellin.gov.co/alcaldia/jsp/modulos/V_medellin/index.jsp?idPagina=1136)

Meu sábado começou as 4 e 30 da manhã, e melhorou bastante as 10h, quando cheguei à cidade. Apesar de o povo aqui estar passando mal de calor, 27 graus no verão é motivo para usar moletom em Vitória. Depois do anoitecer, cai para 19 graus e fica sensacional. Já coloquei e-mails em dia, dormi bastante, é hora de procurar fazer a primeira refeição honesta do dia. E já que mencionei a palavra honesta, elas aqui são fenomenais. Pelo menos uma boa caminhada até uma lanchonete é merecida para observar as honestas paisa.

O 'Paisa', apelido para o antioqueño de Medellín, é um sujeito gente boa na maioria das vezes, mas tem que se estar com paciencia pra conviver com ele. Fala muito, gosta de contar vantagem e tem um sotaque que as vezes irrita. 'Pues' aqui é usado no lugar de exclamação, o tempo todo. Há de se reconhecer que até 1995 a cidade era dotada de criminalidade e governada em parte pelos cartéis. A 'ordem pública' (termo esdrúxulo, mas ta valendo) é bem melhor mantida nos dias de hoje. Isso explica em parte o Orgulho Paisa, que também é fortalecido pelo recalque gerado pela fama de enrolados que eles têm em Bogotá. São mesmo, confesso.

Não sei quem inventou isso de não trabalhar no fim de semana, mas foi um gênio. Claro, em tempos de crise a gente desobedece um pouco a regra, mas tá legal.

Notas:
-Comprar uma camisa manga curta.
-Comprar passagem Bogotá.
-Reservar Hotel Lima.

Zardo, despierto, às 20h de Medellín. Indo para a rua.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Barranquilla

Wyclef Jean:
Señorita, feel the conga.
Let me see you move like you come from Colombia
Shakira:
Mira en Barranquilla se baila así, say it!

Sim, o post de hoje começa com trecho de "Hips don't lie" - Shakira e Wyclef Jean.
Claro que você, bem como o resto do mundo, pensou que em Barranquilla todo mundo dança na rua mesmo, é um grande carnaval. Engano seu? Não, meu amigo. São 19:29 de uma sexta-feira, há poucos minutos as pessoas estavam bebendo e festejando na rua. Sim, como qualquer boa festa latina que acontece no litoral.

Acordei hoje as 4h e 30 da manhã em Bogotá, 9 graus. Malas prontas, voo das 7h e 30, chegando aa Barranquila às 8h e 40. Temperatura no momento da chegada: 38 graus, ao meio dia, 39 graus. Umidade: 64%. Sim, isso não é nada mais nada menos que Vitória em fevereiro. Na verdade, a rodovia do aeroporto até a cidade se parecia muito com a Lindemberg.

Depois de uma semana, escorreu uma gota de suor pela minha testa. Depois de mais de uma semana, pedi salada no almoço. Depois de não sei quanto tempo, olho pela janela e vejo a praia.

Há um sério preconceito em Bogotá quanto aos 'morenos', habitantes da Costa Atlântica (Barranquilla e Cartagena). Acredita-se que são preguiçosos. Não endosso essa crença sem fundamento, mas confesso que depois de chegar no hotel, a vontade de trabalhar foi zero. Mas, como eu não sou Costeño, nem Bahiano, fui trabalhar mesmo assim.

Já que entramos no assunto 'morenos', dedico uma linha às morenas de Barranquilla. Lindas, e, como se pode imaginar, no calor, elas não andam encapuzadas como em Bogotá.

Amanhã cedo sigo para Medellín. Bela cidade, belíssimas mulheres também.

Um bom fim de semana para quem me acompanha!

Zardo, despierto, às 20h15min de Barranquilla. Indo lanchar, de bermuda e chinelinho.

domingo, 26 de julho de 2009

Leskes e gatas

Fui interrogado por umas mulheres hoje. Me perguntaram porque no Brasil não são todos indígenas e tem gente alta e branca como eu. As minhas aulas de História e Geografia estão me ajudando muito aqui, ao passo que surpreendo as pessoas que pensam que eu sou Engenheiro. O fato de eu ter ido a escola para estudar espanhol também espanta as pessoas. A maioria dos brasileiros que aparecem por aqui desenvolvem um portunhol muito particular, cada um com suas regras específicas.

Hoje entrei no taxi e quando percebi, estava em Vila Velha. Estou certo de que estive no Ibis, Aribiri e Atalaia hoje, incluindo os quebra-molas, ciclistas e ruas esburacadas. Na volta pro Hotel, em 30 minutos, estava no bairro universitário. Não se parece com Jardim da Penha. É uma universidade particular muito elite, cujos alunos são mauricinhos que ostentam as mesmas marcas que são ostentadas pelos mauricinhos no Brasil: Volcom, Oakley, Quicksilver, etc. A globalização chegou aos lelexks. Mas as gatas, assim como as nossas, também malham.

Os dias em Bogotá estão acabando. Uma pena, é uma cidade muito agradável e de gente incrivelmente receptiva e divertida. A carne é uma delícia também. Bem, o trabalho só cresce e o tempo para os posts anda curto.

A alimentação segue um padrão. Saí da fase hamburguer para a fase Pizza. Não sei o que vou fazer em seguida. Cachorro-quente?

Previsão de retorno ao Brasil: 14 de agosto.

Notas:
-Mandar roupas para lavar.
-Comprar passagens.

Quebrando mitos

Hoje falei como pobre na chuva. Demonstrei meus conhecimentos sobre geografia, demografia e história do Brasil. Claro que o mais difícil foi responder à pergunta: 'Hay miséria en Brasil?'. Sentir-se líder regional, industrializado, gigante econômico e geográfico é sempre uma massagem no ego, mas quando temos que olhar para a banda podre, aí complica. Como eu não estou a serviço do governo, pude falar a verdade. É triste ver a expressão de decepção das pessoas. Quando eu expliquei sobre a Bolsa-Família, o choque foi generalizado e cheguei a ouvir que isso deveria ser constitucionalmente proibido, que isso é mera estratégia de reeleição.

Aqui, Uribe acertou em agir energicamente. Desde a queda do Cartel de Cali em 1998, o país nunca foi tão seguro. Claro que o tráfico segue, assim como a guerrilha, mas é muito mais organizado. Os suspeitos agora são jovens bem educados, que falam muitas linguas e possuem dinheiro no exterior. Será que isso explica a implicância comigo no aeroporto? A Federal desse país sempre encrenca comigo, mas eu acabo fazendo amizade com os cães-de-guarda.

Foi um dia cheio. Cheguei às 20h30min no hotel. Novo hotel, com cozinha e sala. Amanhã a agenda é ainda mais cheia. Na tv, Senhora do Destino dublada em espanhol. Os nomes são sensacionais, não preciso dizer que Nazareth se chama Lucrécia. Bem, tenho que tirar o chapéu para a dramaturgia brasileira, as novelas colombianas parecem testes para Malhação.

Notas:
- Nunca mais pedir 'Coca', dizer coca-cola ou pecsi (assim se fala pepsi aqui).
- na próxima, pedir meia parrilla, nao aguento com 500g de carne.
- na próxima viagem, trazer todos os remedios que tiver em casa. Como eu queria um Dorflex.

Zardo, despierto, às 23h20min de Bogotá. Abaixando a cabeça para domir, em cima do teclado mesmo.

La Hermosa Bogotá

Enfim, Bogotá. Apesar de verão, a altitude e os ventos em alta velocidade nessa época do ano criam uma sensação térmica entre 15 a 10 graus. O hotelzinho não tem placas, a idéia é imitar uma grande residência, especializada em atender estrangeiros. Sensacional. Muito confortável. Pena que a internet só funciona no saguão. Amanhã mudo para outro.

Aqui os taxis são regularizados, têm taxímetro, há muito policiamento nas ruas. Há revistas para se entrar nos Shoppings. Taxi amigo é expressamente proibido. Parece que muito disso melhorou nos ultimos anos. Não preciso dizer que sou pró-Uribe, mesmo porque a construção civil cresceu muito e a economia anda muito mais estável. Claro, há ainda muitas mazelas, mas é muito superior ao que o Chavismo foi capaz de fazer com o Equador.

Eu não sou necessáriamente um gringo aqui até abrir a boca, o fenótipo é muito variado. Fui ao cinema sozinho, com direito a piadinhas do lanterninha.Harry Potter (VI?) é um grande disperdício de dinheiro, que filmezinho vagabundo. Pelo menos tinha Helena Bonham Carter e Alan Rickman. O filme seria infinitamente melhor se o Johnny Depp fizesse o Harry Potter.

Não dormi nada essa noite, estou tentando colocar coisas em dia por aqui, mas não tá nada fácil. Cansaço, saudade dos amigos e da família. Amanhã é segunda-feira e o agito faz esquecer isso tudo.

Ah, ontem a noite consegui encontrar uma Brahma no postinho em Guayaquil. Cheguei no hotel tomando Brahma e, para a minha surpresa, tocava Bossa Nova. Não sei porque surpresa, Bossa Nova toca em todo lugar no Equador. Tocou durante uns 30 mintuos hoje no aeroporto. Importa que o Brasil aqui é visto como potência regional e esse reconhecimento popular já é um grande passo, certo, meu amigo Onuf?

Notas:
-Mudar de hotel bem cedo.
-comprar passagens para Barranquilla.
-organizar agenda Medellin.
-parar de tomar coca-cola e red bull, eu já to citando Onuf.

Zardo, despierto, graças à muita cafeína, as 19h54min em Bogotá. Indo pro quarto.

sábado, 25 de julho de 2009

País Gordelícia

Nos EUA, a mulher ideal tem a cintura fina e seios fartos. No Brasil, pernas grossas e bunda grande, na maioria dos países da Europa, a magreza impera como padrão. Aqui no Equador, a mulher gostosa é a mulher Gordelícia. Comecei a notar nos outdoors que as mulheres tinham uma pochetinha, percebi nas revistas que as modelos tinham uma 'pancinha natural' e vi que as gatas nas ruas todas preservam um pneuzinho, que, claro, varia com a idade e estatura, afinal, quanto mais baixa, mais difícil ser magra. Enfim, em vez de tentarem ser a Giselle Bundchen, a mulherada aqui é gordelícia convicta. E, como não deveria ser diferente, a homarada curte. Ah, elas tem sua simpatia e seu valor. E, claro, considerando que nas noites de verão a temperatura é 12 graus, mete um casaco e tá gata. Viva as Gordelícias!

Hoje o dia foi mais tranquilo, não tirei foto de vulcão nenhum, nem de nada. Passei algumas horas no Mc Donalds para usar a internet e descobri que criança é igual no mundo todo: Só come aquela merda de cheeseburguer magro e sem gosto pra ganhar aquele brinquedo sensacional que vem na 'Cajita Feliz'. Além disso, elas não tem noção da potência de suas vozes.

Aprendi que é possível embarcar no voo anterior se vc quiser, é só fazer check in e pedir pra trocar que tá legal. Burocracia zero, sensacional. Sim, voltei para Guayaquil. Saio do hotel as 3 e 30 da manhã para pegar o voo das 6h para Bogotá. Finalmente um lugar conhecido, um hotel conhecido. Contando nos dedos os dias para Medellín. Equanto não chega, tem festa nas ruas de Guayaquil, será que aqui também tem arrastão?

Me despeço do Equador na possibilidade de voltar em breve. Será que eu acho uma Brahminha em algum lugar dessa cidade?

Zardo, despierto, às 19h04min de Guayaquil. Saindo para ver pessoas na rua.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Quito da Bandeira

Para que alguns de vocês se sintam na minha pele, proponho uma comparação. O Pico da Bandeira, divisa entre o estado de Minas Gerais e o Espírito Santo possui, em seu ponto mais alto, 2.891,98 metros de altitude. San Francisco de Quito, a segunda capital mais alta do mundo, está a 2. 850 metros de altitude. Digamos que eu cruzei uma cidade que fica no pico da bandeira, umas cinco vezes hoje com uma mala de 26kg. Tirando isso, a cidade é muito organizada, bonita, desenvolvida, as pessoas são educadas e os taxistas são acostumados a tratar bem estrangeiros. De dia faz calor, por volta de 23 graus, mas a temperatura cai 10 graus entre as 18h e 20h.

Fiquei uma vez mais sem almoço e terminei comendo McLixo, na verdade, Lixo King. Conheci no shopping hoje uma tribo interessante demais, os Emo-índios. Imagina, aquele grupinho de baixa estatura, adolescente, com uma franja sensacional caída na cara, de all star e roupas escuras e xadrez. Uma criança, do outro lado, gritava, com um palito na mão: "Expeliarmus". Milton Santos e sua globalização...ele realmente sabe o que fala.

Amanhã vou tentar tirar boas fotos dos vulcões. Sigo para Guayaquil às 17h30min e, domingo às 6h da manhã vôo para Bogotá. Gostaria de trabalhar hoje, mas a mente humana tem limites, a minha tem muitos na sexta-feira a noite.

Zardo, despierto, às 21h37min de Quito. Indo assistir a Los Simpsos.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Quito, Brahma e TV Globo.

Dia pesado. Raiva, cansaço e alívio.
Mais um dia de superzise me, refeição única: Hamburguer e Coca-Cola.
Consegui me abstrair por alguns minutos e refletir sobre a antropologia local. A cidade de Guayaquil parece conservar os conquistadores brancos europeus nos postos de maior prestígio e remuneração, enquanto os índios compõem a massa. Os negros, segundo me disseram, ficam em um gueto, ilhado da cidade.

Os taxistas, em geral, se aproveitam do fato de que não há taxímetro e de que estou sempre atrasado. Extorsão sempre. Um deles me cobrou um dólar a mais pq teve que trocar uma nota de 20 dólares para me dar o troco. Segundo ele, paguei o tempo dele ao tentar trocar a nota.

Hoje lembrei-me de Patrício, meu ex-professor de español equatoriano, que usava meio pote de gel por dia no cabelo. Isso é 100% liberado aqui. E parece que é a cidade uma grande festa a fantasia onde todos competem para ser a melhor cracatua. É uma sociedade foot loose.

Cansado, entrei no avião para Quito às 20h. Antes de me sentar, ouvi o comandante dizer que estávamos em um Embraer. Alívio: Airbus cai, Embraer não. Me sentei, e eu não cabia na cadeira. Maldita Embraer. Em 30 min cheguei a Quito, desci do avião e parecia que eu mergulhava numa piscina de água fria. 13 graus, não conseguia respirar a 2.800m de altitude. Depois de caminhar 50 metros, perdoei o Fluminense por ter perdido a Taça Libertadores 2008 em Quito. Não há como correr 10 metros e depois ainda chutar uma bola nesse lugar.

O Hotel é uma beleza, tem academia, internet de alta velocidade e, pasmem: Brahma e Rede Globo. O episódio de Som e Fúria de hoje foi sensacional. Sobre os negócios, basta dizer que vou precisar voltar ao Equador. Isso significa estender a viagem, sim.

Notas:
-Comprar alguns potes de gel. Tá liberado.
-Ligar para o Murilo no fim de semana. Desejar uma boa recuperação.
-Não esquecer de assistir Som e Fúria amanhã.
-Trabalhar, trabalhar, trabalhar. Férias é para os fracos.

Zardo, parcialmente despierto, as 23h24min de Quito.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

El Primo Ingeniero

Conheci uma família fantástica hoje. Um cliente com 5 filhos homens, cada um cuida de uma parte da empresa. Quando soube que eu estava hospedado no centro antigo, pediu a um dos filhos que me resgatasse de lá o quanto antes. É uma zona de prostituição, tráfico e criminalidade e eu estava sujeito a muitos perigos. Realmente, fiquei até meia noite na internet na portaria do hotel, com a porta aberta, sem segurança alguma.

Imediatamente fomos ao Hotel, onde deveria pagar uma diária extra, pos já eram 4 da tarde e a 1a diária fechava ao meio dia. Claro que eu não consegui convencer a recepcionista a me perdoar o valor. Mas, quando avisei ao meu amigo Máicon disso, ele me olhou bem e disse: 'usted se parece conmigo!". Imediatamente ele começou um verdadeiro drama mexicano com a atendente, que acreditou piamente que eu era seu primo do Brasil e tinha que sair do hotel por uma urgência, nossa prima estava doente no hospital. Soluçando, ele conseguiu convencer a menina e me disse, 'primo, baje las maletas, vamos'.

Estou na zona nobre da cidade agora por pouca diferença de preço. Aqui os taxistas não me tratam de Ñaño (tratamento impessoal similar à: amigão parceria, irmão, brother, etc. Quando há mais intimidade, o tratamento é 'Chancho' - que significa Porco). Aqui eles me chamam de Ingeniero (que nada mais é do que chutar o tratamento para uma pessoa vestida socialmente com uma maleta. Afinal, se for médico, advogado, jornalista, qualquer outra coisa, não vai ficar chateado. Engenheiro aqui é posto de muita nobreza).

Um panorama útil: A cidade anda empobrecida, o poder de compra da população se reduziu muito, o número de pobres aumentou. Não há crédito nenhum na praça e os impostos andam muito altos. Hoje fiquei sabendo que muitas pessoas que perderam o emprego começaram a usar seus carros como taxi alternativo, o que eles chamam de 'Taxi Amigo'. Nada diz que é um taxi, é só um carro como qualquer outro passando devagar pelas ruas com o motorista gritando: 'Taxi!!'. Não preciso dizer que o Taxi Amigo dá margem para práticas como extorsão, roubo, estupro, etc. Mas as pessoas ainda assim os escolhem, pois eles em maioria têm taxímetro, o que os licensiados não têm(!!!). Ainda que evidente, o fenômeno Taxi Amigo não é desmantelado pela polícia, pela simples explicação que um taxista licenciado me deu hoje: "Aquí en este país no existe la Ley, aquí existe la Plata." Não comentei nada sobre o que acontece no Brasil, respeitei o sentimento de exclusividade do sujeito.

É provável que não haja um post amanhã. Devo viajar pela noite.

Notas:
- Malhar muito, muito mesmo, minha mala de amostras pesa 26kgs.
- Comprar barras de cereal, passei boas 12hs sem comer hoje.
- Confiar mais naqueles que me chamam de Ingeniero que de Ñaño.
- Confiar ainda mais nos que me chamam de 'Chancho'.

Zardo, despierto, às 20h29min em Guayaquil. Indo tomar banho para trabalhar depois.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Podrão em Guayaquil

É uma cidade bem mais bonita do que eu esperava. Humidade absurda, calor de 28 graus.
Quase tudo é similar às cidades Colombianas, exceto pelo fato de que a moeda corrente é o dólar.

Acabo de encontrar a felicidade nesse lugar. Chama-se Hamburguesa Especial (com queijo, presunto, ovos, bacon, batatas fritas, repolho, maionese e katchup caseiros) e vende numa portinha na av. Quito chamada Yogurt. Sensacional: O combo me custou USD 2,00.

Fui recebido por um Local oportunista no aeroporto e, apesar de ter percebido desde o início, resolvi usar de seu serviço de acessoria assim mesmo. Meu 'asistente', como se autobatizou, chama-se Jaime e seu fiel capanga é Javier, o Taxista. Para a minha sorte, o sujeito realmente me trouxe a um Hotel no centro, de tarifa razoável e boas acomodações, me levou pra comprar um celular, créditos e o lanche fenomenal, que comemos ali na av. Quito mesmo, em pé, trocando uma idéia sobre as maravilhosas mulheres brasileiras. Ainda ficou de me apresentar umas 'amiguitas que tienen buen precio y son muy hermosas'. Esse é o povo latino em tempos de crise...

Há muito o que organizar ainda por aqui.

Notas:
- Pré-negociar preços com taxistas.
- Comprar bateria para o relógio velho. Não há alarme melhor que do meu nokia de USD 30,00.
- Procurar um repelente, não sei do que esses mosquitos são capazes.
- Não chamar nenhuma mulher nesse país de amiguita, elas podem se ofender.

Zardo, despierto, às 23h 22min em Guayaquil. Seguindo para o quarto em 30 min.

Guarulhos

São Paulo é uma beleza.
Estranhamente mais frio do que aqui nos Andes, o taxi é caro, a comida é cara e tudo é longe.
Fiz amizade com uma Hondurenha que faz medicina na UFES e voltava para casa. O pai dela, assim como outros 5 dos 7 tios estudaram medicina no Brasil. A conclusão dela é que: "Os alunos de MedUfes são metidos e se acham muito inteligentes." Que coisa, não?

Também fiz amizade com o taxista, com quem aprendi muitas coisas, como gírias de São Paulo, bons lugares para se ir à noite e que lá: Balada é Boate e Boate é Puteiro. Entenderam? Diferente do taxista em Bogotá, que era pesquisador da Universidad Católica, esse era só Corinthiano mesmo. Então, o assunto não evoluiu tanto.

Não satisfeito, fiquei no msn até as 3 da manhã resolvendo problemas na China e discutindo assuntos muito relevantes com Cazzotto, como A Ida do Homem à Lua.

Notas:
-Não viajar mais vestido como um skatista. Nem os taxistas te levam a sério.
-Não confiar em recepcionistas de hotel para te acordarem as 5 da manhã.
-Comprar um relógio com um bom alarme.
-Não rir alto, nunca mais, das pessoas neuróticas usando máscaras para se protejer da Gripe Suína.

Zardo, despierto, às 14h 20min em Santiago. Seguindo para Guayaquil em 35 minutos.

DESPIERTO

Boa Tarde de Santiago.
Aqui fazem 12 graus célsius.

A primeira postagem é instrutiva. Como um bom manual, ela começa por dizer quais não são as funções e intenções do blog e termina apresentando os reais objetivos.
Como bem me ensinou meu orientador, "blog não tem objeto, não é monografia, vai escrevendo e vê no que dá." Depois disso, minhas pretensões se reduziram muito e o conteúdo inicial dessa página foi gerado em delírios ocorridos nas turbulência do vôo guarulhos-santiago, depois de suco de laranja, chá-preto e uns três copos de vinho chileno vagabundo.

Minhas pretensões, antes um estudo científico-jornalístico-acadêmico-pretensioso e impraticável da opinião dos povos latinos sobre política externa para a américa latina, foram se modificando para um blog bem pessoal, que me serve de:
1. Diário de Bordo. Assim eu lembro de coisas que aconteceram e preciso aprender para as próximas vezes.
2. Meio simples de comunicação com amigos e família no Brasil. Explico: ontem fiquei até as 3 da manhã no msn com amigos enquanto deveria estar trabalhando.

O projeto é postar diariamente comentários sobre a viagem e, assim, provar às pessoas que estou vivo. Na verdade, eu sei que duas pessoas vão acompanhar o blog, pelo menos nos primeiros dias, Maria e minha mãe.

Em breve o post sobre ontem.